vendredi 12 novembre 2010

Só pra não passar em branco...

Ontem foi o aniversário da Independência de Angola. Vocês, legitimamente se perguntam "então porquê que só escreves sobre isso hoje?" Porque é o que eu acho que se deveria fazer SEMPRE! Essa coisa de agir no fogo da acção, de reagir na hora, no momento, de modo a fazer parte do movimento, do momento histórico... Não é pra todos. Eu acho que, aos 35 anos (de Angola, não meus), devemos ser capazes de analisar as coisas com um certo recuo, e não só como crianças entusiastas e sonhadoras.

O que são 35 anos, na História? Concretamente? De maneira prática? A título de comparação, é o tempo que separa o fim da Segunda Guerra Mundial da Eleição de Ronald Reagan à Presidência dos Estados Unidos da América; é mais tempo (+ 2 anos) do que o que Alexandre o Grande ou Jesus Cristo passaram sobre a face da Terra; é o limite abaixo do qual se pode falar, em termos de esperança de vida, de situação social e sanitária CATASTRÓFICA para um país (era a esperança de vida da França em... 1800!);

35 anos é muito tempo e muito pouco tempo ao mesmo tempo. Depende de muita coisa... Para um País africano que se tornou independente no decorrer do século XX, num contexto interno e externo conturbado, com uma descolonização "complicada", uma guerra interna paralela à guerra contra a potência colonizadora, e que se prolongou até bem depois daquele glorioso 11 de Novembro de 1975... 35 anos para muitos, que viveram o evento nas primeiras linhas, parece que foi ontem. Para aqueles que nesse dia, nessa data, ouviram as palavras do Dr. António Agostinho Neto, proclamando diante de África e do mundo a independência de Angola, estes 35 anos passaram num ápice... Mas ao mesmo tempo, o tempo parece ter passado em câmara lenta para quem viu nesse dia a esperança de uma vida melhor, de uma Angola próspera, de um futuro risonho para si e os seus... E teve a infelicidade de ver o País mergulhado numa guerra fratricida, que tanta energia e vidas humanas tolheu durante tanto tempo...

Angola NUNCA PAROU. Esta é uma grande verdade. Com guerra ou sem ela, o País, o Povo, verdadeiro herói colectivo, silencioso e anónimo, continuou sempre a lutar. Pela sobrevivência. Pelo sustento. Pela dignidade. Nas condições difíceis impostas por um contexto que ultrapassava DE LONGE Angola e os angolanos. Guerra fria, interesses estratégicos, alianças múltiplas, dúbias mas necessárias para manter a soberania. Machiavel teria dito que o que importa é o fim, e o Príncipe deve utilizar os meios à disposição. Foi o que se fez durante muito, muito, muito tempo. até ao dia 22 de Fevereiro de 2002, dia da REAL libertação de Angola. Antes disso, éramos um País preso, independente mas não em Paz, condição sine qua non para qualquer passo verdadeiramente significativo em direcção ao desenvolvimento e progresso. Independentemente das sensibilidades e opiniões políticas de cada um, o dia 22 de Fevereiro de 2002 foi o VERDADEIRO DIA DA INDEPENDÊNCIA DE ANGOLA. Qualquer balanço sobre "o que foi feito ANTES dessa data será apenas parcial, a guerra sendo um real entrave a qualquer iniciativa, estratégia de desenvolvimento e afins. Angola estava ainda "dependente" do fim da guerra para começar ENFIM a andar pelos próprios pés...

O dia 11 de Novembro de 1975 foi um marco importante, não discuto minimamente. Apenas acho, e desculpe-me quem discordar mas é a minha opinião, que Angola é um País bem mais jovem do que o faz acreditar essa data. 1975 permitiu nos de entrar no concerto das Nações, mas ainda submetidos a restrições e privações inerentes à situação de guerra quase permanente desde 1961.

Angola em condições "normais" para SE DESENVOLVER não começou senão a 22 de Fevereiro. Evidente, mais podia ter sido feito antes, mas águas passadas não movem moinhos... É a partir dessa data que temos o direito e o DEVER de nos mostrar plenamente esperançosos, totalmente implicados e extremamente exigentes, com quem nos dirige e connosco mesmos. Estarmos atentos à evolução das Instituições, ao exercício enfim possível de uma democracia transparente, e perguntarmo-nos que papel podemos ter na manutenção e bom funcionamento do sistema (que temos que, antes de tudo, compreender o melhor possível). Temos, angolanos, a obrigação de, pelo trabalho e pela exemplaridade, criar círculos virtuosos, servir de exemplo uns para os outros, acreditar e fazer acreditar num País próspero, diminuindo as desigualdades e multiplicando as oportunidades... Vamo-nos perguntar o que podemos fazer pelo nosso (jovem) País, e não só o que ele pode fazer por nós. Porque ao fim ao cabo, Angola, somos NÓS!

Aucun commentaire:

Enregistrer un commentaire