Glenn
pelos nossos kotas criativos
Kalaf
17/11/11*
...pelo único e simples facto que GOSTARIA DE TER SIDO EU A ESCREVÊ-LO! É que, a bem dizer, o livro está muito forte!
Começa pelo título, uma autêntica provocação lançada aos editores, leitores e todos os outros "ores" que o virem na prateleira de uma livraria. Quem é que ele se julga, para limitar o seu livro aos meninos de cor? Ou serão as estórias de amor nele retratadas que lhes são específicas? Mas que raio quis ele dizer com «Estórias de Amor Para Meninos de Cor» ? Será que ele se deu conta que no livro dele quase (só lá bem prá frente, e mesmo assim não sei se é de amor que se trata) não há qualquer tipo de alusão a um qualquer envolvimento amoroso, dado que quase não há personagens DE TODO? Que his/estória vem a ser esta?
Aqui, as estórias acabam por falar de um amor maior do que a mera paixão que liga dois indivíduos; fala do amor pela cidade de Lisboa, por Berlim, por Londres, pelas viagens, pela descoberta, pela(s) língua(s), pela música, pela moda, pelo estilo, pela art de vivre, pela própria vida...
Este livro é, a meu ver, o ponto de vista de um cosmopolita, de um viajante no espaço e no tempo. Entre memórias e impressões, poesia em prosa e interrogações, duras realidades e divagações, Kalaf Ângelo demonstra que, apesar de ser um angolano com muito orgulho, é antes de tudo um cidadão do mundo. O seu olhar crítico, enriquecido pela sua experiência, é muito subtil. Um raio X do seu mundo tão particular, é o que nos propõe nestas saborosas páginas de crónicas, à partida escritas para o Público, agora tornadas acessíveis a todo um outro público... Não é o Kalaf dos Buraka nem da Enchufada, não é o Kalaf de Benguela nem de Lisboa, não é o Kalaf de Luanda... eu diria que nestas estórias entrevê-se um Kalaf visto de dentro. Entramos no seu quarto, na sua sala, na sua cozinha, na sua mala, e com ele somos transportados um pouco por toda a parte, desde a imobilidade preguiçosa de um Feriado aos animados palcos do mundo inteiro, passando pelos bancos inconfortáveis da sala de espera do SEF...
Mais do que um compêndio de escritos publicados individualmente durante três anos, este livro é... UMA ATITUDE!
E para concluir redundantemente, exprimo o meu sentimento em relação a esta obra com um dos meus aforismos preferidos:
Oscar Wilde: "I wish I had said that."
Whistler: "You will, Oscar; you will."
*E se não o disse/ escrevi, fica o consolo do autógrafo, que em si só faz sentido quando autenticado pelos poucos segundos de prosa trocados, que originaram a sua singularidade. E se não te disse na hora pois nada sabia dos teus escritos, hoje, percorridas dezenas de páginas da tua vida interior, envio-te, amigo e errante colega, os meus sinceros parabéns, e um grande, grande
OBRIGADO, SIM!
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