16 de Outubro de 1993. Data em que eu saí de Angola rumo à França, onde vivi 16 anos. Durante esses 16 anos, eu cresci Angola, comi Angola, cantei Angola, dancei Angola, amei Angola, mas não fui a Angola. Os porquês são vários e menos simples do que parecem, e por razões pessoais, não os vou expor aqui. O facto é que só voltei a pisar a terra que me viu nascer no dia 1 de Julho de 2009. Entre estas duas datas, passei de criança a homem, forgei o meu carácter, algumas convicções, tive uma filha... A minha vida seguiu em frente
Pessoalmente, eu nunca me desliguei de Angola, nunca me tornei "francês", como muitos me chamam. Não nego nem rejeito a influência evidente que esta estadia em França teve sobre o homem no qual me tornei/estou a tornar; é óbvio que durante este período, fiz amizades, vivi a minha adolescência e o princípio da minha vida adulta, fiz uma série de descobertas inerentes a essa fase da vida. Mas Angola, apesar de distante, sempre esteve em mim, e eu nela, mesmo que simbolicamente. Nunca deixei de me informar, de conversar, de trocar ideias, de seguir as muitas peripécias por que passava a minha jovem Nação. Com um ponto de vista exterior e interno ao mesmo tempo: interno porque, como angolano, me sinto implicado, como todo cidadão onde quer que ele esteja no planeta tem o direito e o cívico dever de se sentir; exterior porque a distância (apesar de penalizante no que diz respeito ao conhecimento da situação no dia-a-dia) me permitiu um recuo crítico que talvez não tivesse tido caso os vivesse do interior. Tive também, pelo facto de viver vários anos num País estrangeiro, uma base de comparação que concerteza muitos angolanos que sempre viveram no País não tiveram.
Hoje, aos quase 30 anos, re-emigrei de França para Portugal. Um novo País a (re)descobrir, já com olhos adultos; País este que tem um passado, uma história comum com o meu; a antiga "Metrópole", o País que nos colonizou.
Cá estou eu, então, com uma nova perspectiva, um novo começo, mas uma mesma certeza: a da minha angolanidade, e da necessidade que eu tenho de participar, à minha maneira, à reflexão e ao destino deste País que é o meu... Então isto é (mais) um espaço de partilha de opiniões, impressões e ideias sobre o que se passou, passa e passará em Angola. Sinta-se livre de participar, respeitando todas as opiniões, inclinações e sensibilidades políticas, religiosas, etc. Como diria o Danny L: «é Angolano quem ama Angola todos os dias»!
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